Da Grande Vitória, no Espírito Santo, aos confins da Brasiléia, cidade
no sul do Acre que faz fronteira com a Bolívia, a falta d’água por causa da
seca já afeta a vida de mais de 25 milhões de pessoas no Brasil. Levantamento
feito pelo Estado em órgãos federais e estaduais mostra que 975 municípios
brasileiros em 12 Estados e o Distrito Federal, incluindo capitais como
Fortaleza e Rio Branco, chegaram neste mês em situação crítica ou de emergência
por causa da estiagem ou já adotaram rodízio no abastecimento à população.
No Espírito Santo e no Distrito Federal, o racionamento de água começou
há quatro dias. No caso da Grande Vitória (ES), os cortes de 24 horas feitos
uma vez por semana atingem 1,8 milhão de moradores pela primeira vez na
história da região.
A situação é ainda mais crítica no semiárido do Nordeste, onde a
estiagem perdura pelo quinto ano consecutivo, secando córregos, açudes e poços
usados para irrigação e consumo humano. Neste mês, 754 cidades da região estão
em situação de emergência reconhecida pelo Ministério da Integração Nacional, o
que garante ajuda financeira do governo federal para compra de caminhão-pipa e
construção de adutoras. No Rio Grande do Norte e na Paraíba, a escassez de água
atinge mais de 75% dos municípios.
Segundo o ministro Helder Barbalho, a solução estrutural para resolver a
seca no semiárido nordestino é a transposição do Rio São Francisco, cujas obras
começaram em 2007. A previsão é de que a passagem das águas pelo eixo leste
(Pernambuco e Paraíba) esteja pronta até dezembro e do eixo norte (Ceará e Rio
Grande do Norte) no ano que vem, com cinco anos de atraso.
Dados da Agência Nacional de Águas (ANA), que monitora 511 açudes do
Nordeste, mostram que o nível dos reservatórios que abastecem a região é de
apenas 19%. O cenário é preocupante porque ainda faltam quatro meses para o
início da chamada quadra chuvosa (fevereiro a maio).
Norte
Até cidades que no ano passado decretaram estado de calamidade por causa
de inundações, como Brasiléia e Rio Branco, no Acre, estão hoje em situação de
emergência por causa da seca. O Rio Acre atingiu nas últimas semanas o nível
mais baixo da história (1,30 metro de altura) e a capital entrou em rodízio no
abastecimento. Há um ano o nível do rio era de 10,5 metros.
El
Niño ‘salvou’ SP e Rio, mas piorou estiagem no NE
Fenômeno climático que ajudou São Paulo a sair da pior crise hídrica de
sua história neste ano após duas temporadas de seca e racionamento de água, o
El Niño foi o grande responsável por agravar a estiagem no Nordeste e no norte
de Minas Gerais. Segundo o meteorologista Christopher Cunningham, do Centro
Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o El Niño
observado entre 2015 e 2016 foi o terceiro mais intenso já registrado na
história e comprometeu ainda mais a quadra chuvosa do Nordeste, que vai de
fevereiro a maio, enquanto aumentou as precipitações em parte do Sudeste.
Em São Paulo, o El Niño acabou levando chuvas acima da média para o
Sistema Cantareira a partir de novembro de 2015, o que fez com que o manancial
deixasse de operar no volume morto em dezembro. O mesmo ocorreu na bacia do Rio
Paraíba do Sul, que abastece o Rio.
FONTE: Portal No Ar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário