segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Seca afeta vida de 25 milhões de pessoas em 975 cidades do país

Da Grande Vitória, no Espírito Santo, aos confins da Brasiléia, cidade no sul do Acre que faz fronteira com a Bolívia, a falta d’água por causa da seca já afeta a vida de mais de 25 milhões de pessoas no Brasil. Levantamento feito pelo Estado em órgãos federais e estaduais mostra que 975 municípios brasileiros em 12 Estados e o Distrito Federal, incluindo capitais como Fortaleza e Rio Branco, chegaram neste mês em situação crítica ou de emergência por causa da estiagem ou já adotaram rodízio no abastecimento à população.

No Espírito Santo e no Distrito Federal, o racionamento de água começou há quatro dias. No caso da Grande Vitória (ES), os cortes de 24 horas feitos uma vez por semana atingem 1,8 milhão de moradores pela primeira vez na história da região.

A situação é ainda mais crítica no semiárido do Nordeste, onde a estiagem perdura pelo quinto ano consecutivo, secando córregos, açudes e poços usados para irrigação e consumo humano. Neste mês, 754 cidades da região estão em situação de emergência reconhecida pelo Ministério da Integração Nacional, o que garante ajuda financeira do governo federal para compra de caminhão-pipa e construção de adutoras. No Rio Grande do Norte e na Paraíba, a escassez de água atinge mais de 75% dos municípios.

Segundo o ministro Helder Barbalho, a solução estrutural para resolver a seca no semiárido nordestino é a transposição do Rio São Francisco, cujas obras começaram em 2007. A previsão é de que a passagem das águas pelo eixo leste (Pernambuco e Paraíba) esteja pronta até dezembro e do eixo norte (Ceará e Rio Grande do Norte) no ano que vem, com cinco anos de atraso.

Dados da Agência Nacional de Águas (ANA), que monitora 511 açudes do Nordeste, mostram que o nível dos reservatórios que abastecem a região é de apenas 19%. O cenário é preocupante porque ainda faltam quatro meses para o início da chamada quadra chuvosa (fevereiro a maio).


Norte

Até cidades que no ano passado decretaram estado de calamidade por causa de inundações, como Brasiléia e Rio Branco, no Acre, estão hoje em situação de emergência por causa da seca. O Rio Acre atingiu nas últimas semanas o nível mais baixo da história (1,30 metro de altura) e a capital entrou em rodízio no abastecimento. Há um ano o nível do rio era de 10,5 metros.

El Niño ‘salvou’ SP e Rio, mas piorou estiagem no NE

Fenômeno climático que ajudou São Paulo a sair da pior crise hídrica de sua história neste ano após duas temporadas de seca e racionamento de água, o El Niño foi o grande responsável por agravar a estiagem no Nordeste e no norte de Minas Gerais. Segundo o meteorologista Christopher Cunningham, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o El Niño observado entre 2015 e 2016 foi o terceiro mais intenso já registrado na história e comprometeu ainda mais a quadra chuvosa do Nordeste, que vai de fevereiro a maio, enquanto aumentou as precipitações em parte do Sudeste.

Em São Paulo, o El Niño acabou levando chuvas acima da média para o Sistema Cantareira a partir de novembro de 2015, o que fez com que o manancial deixasse de operar no volume morto em dezembro. O mesmo ocorreu na bacia do Rio Paraíba do Sul, que abastece o Rio.

FONTE: Portal No Ar.

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