Pela primeira vez, cientistas conseguiram registrar a ocorrência de
lesões cerebrais em um feto de macaco cuja mãe foi infectada pelo vírus da
zika. Antes disso, pesquisadores só tinham conseguido reproduzir a microcefalia
por zika em camundongos, em um importante estudo brasileiro publicado em
maio na revista "Nature".
Pesquisas anteriores também já tinham sido bem sucedidas em infectar
primatas não-humanos com o vírus da zika, mas esta é a primeira vez que se
consegue reproduzir as malformações decorrentes do vírus nesses animais.
Trata-se de um avanço importante já que primatas humanos e não-humanos
têm muitas similaridades, por isso os macacos podem servir para testar
estratégias terapêuticas contra o vírus de forma mais eficiente do que os
roedores.
O estudo atual, liderado por pesquisadores da Universidade de
Washington, nos Estados Unidos, foi publicado na revista "Nature
Medicine" nesta segunda-feira (12).
"Nossos resultados eliminam qualquer dúvida que possa ter restado
de que o vírus da zika é incrivelmente perigoso para o feto em desenvolvimento
e dá detalhes de como as lesões cerebrias se desenvolvem", afirmou a
pesquisadora Kristina Adams Waldorf, professora da Universidade de Washington e
principal autora do estudo, em um comunicado divulgado pela instituição.
Segundo os pesquisadores, os problemas observados no desenvolvimento
cerebral dos fetos de primatas são compatíveis com a síndrome congênita do zika
observada em humanos. "Ficamos chocados quando vimos a primeira imagem de
ressonância magnética do cérebro fetal 10 dias após a inoculação do vírus. Não
tínhamos previsto que uma área tão grande do cérebro fetal seria danificada tão
rapidamente", disse a pesquisadora Lakshmi Rajagopal, também professora da
Universidade de Washington e uma das autoras do estudo.
Essa rapidez sugere, segundo Lakshmi, que quando uma mulher grávida
apresenta sintomas de zika, o cérebro do feto pode já ter sido afetado pelo
vírus. Por isso, uma estratégia de prevenção da microcefalia deveria ser tomada
no momento da picada do mosquito para impedir a ação do vírus ou por meio de
vacina, de acordo com a pesquisadora.
O estudo, que foi feito com uma espécie de primata denominada Macaca
nemestrina, mostrou ainda que o nível de vírus presente no cérebro do feto era
mais alto do que o encontrado na mãe.
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