A soltura de mosquitos irradiados fez reduzir em 34% o número de ovos de
Aedes aegypti viáveis na Vila da Praia da Conceição, em Fernando de Noronha. A
estratégia de esterilizar mosquitos com radiação faz parte de um projeto de
pesquisa conduzido em conjunto pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e
pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Os resultados preliminares do estudo foram divulgados na semana passada
na 31ª Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental
(FeSBE) pela pesquisadora Edvane Borges da Silva, professora do Departamento de
Energia Nuclear da UFPE.
Como funciona a técnica do inseto estéril?
A estratégia consiste em expor mosquitos machos na fase de pupa a uma
dose controlada de radiação gama dentro do laboratório. A radiação deve ser
suficiente para torná-los estéreis, mas não afetar sua capacidade de se
locomover e copular.
Ao soltar os mosquitos esterilizados no meio ambiente, eles devem
competir com os machos selvagens pela cópula com as fêmeas. As fêmeas que
copulam com o mosquito irradiado vão botar ovos dos quais não vão eclodir as
larvas do mosquito. Dessa forma, a população total de mosquitos deve diminuir
progressivamente, reduzindo também a transmissão dos vírus da dengue, zika,
chikungunya e febre amarela.
Expansão
O projeto
começou em dezembro de 2015, quando os pesquisadores passaram a liberar 3
mil mosquitos irradiados a cada 10 dias. Em fevereiro, o aumento das chuvas fez
crescer o número de mosquitos selvagens, o que fez a equipe aumentar o número
de mosquitos irradiados soltos no ambiente para 6 mil a cada 10 dias.
“Estamos observando que proporção de ovos viáveis diminuiu muito”, diz
Edvane. Dados coletados em junho apontam que 34% dos ovos coletados em
armadilhas espalhadas pela Praia da Conceição eram inviáveis.
“Em campo, precisamos de 10 machos estéreis para macho fértil para que a
técnica possa ser mais eficiente. Os machos irradiados realizam todos
procedimentos normais de acasalamento, mas os ovos não vão ser viáveis,
acarretando uma diminuição na população de mosquitos”, explica a especialista.
Até dezembro, a estratégia deve ser estendida para toda a
ilha de Fernando de Noronha. Posteriormente, segundo Edvane, o objetivo é
iniciar o projeto também em bairros do Recife.
FONTE: Portal G1.
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