Maracujá da Caatinga é mais resistente à falta de água, rende frutos maiores e mais numerosos (foto: Fernanda Birolo - EMBRAPA) |
Um fruto da natureza combinado a mais de uma década de pesquisa deu
origem à primeira variedade de maracujá nativo da caatinga recomendado
para cultivo comercial. Além da sua região nativa, a variedade foi testada
também no cerrado do Distrito Federal, onde apresentou boa produtividade.
A EMBRAPA já está disponibilizando as sementes do maracujá BRS
Sertão Forte para viveiristas interessados na produção e comercialização de
mudas, por meio de edital aberto até o dia 30 de junho. Logo após o
licenciamento, a Empresa divulgará os nomes e contatos desses viveiristas
para os agricultores interessados na aquisição de mudas.
A espécie será utilizada em ações do projeto Bem Diverso – iniciativa do
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) que apoia o Brasil na
conservação da biodiversidade por meio do manejo sustentável de recursos e
produtos florestais. A agência da ONU conta com o apoio da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e do Fundo Mundial para o Meio
Ambiente.
Nomeado oficialmente BRS Sertão Forte, o maracujá foi apresentado pela
EMBRAPA, em Pernambuco, durante o a primeira edição do Simpósio do Bioma
Caatinga. O fruto também foi apresentado durante um dia no campo que reuniu
dezenas de produtores, representantes de cooperativas, de criadores de víveres
e agroindústrias.
O novo espécime é resultado do aprimoramento genético desenvolvido pela
EMBRAPA no Semiárido em parceria com a unidade da empresa que se dedica à
pesquisa nos cerrados brasileiros.
Selecionado a partir de avaliações de maracujazeiros silvestres
coletados em diferentes partes da caatinga no Nordeste, a planta apresenta
maior produtividade e rende mais e maiores frutos do que os maracujás nativos.
Conheça
a espécie que foi aprimorada geneticamente
O maracujá do mato – ou maracujá da caatinga, como também é conhecido –
tem vantagens em comparação com as espécies comerciais de maracujá azedo, pois
são mais resistentes à falta de água.
Ele apresenta ainda um ciclo produtivo mais longo, o que significa que a
planta vive e produz por mais tempo no campo, além de ter maior tolerância à
fusariose – uma das principais doenças que ataca o maracujazeiro azedo.
Novo
maracujá vai favorecer cadeias produtivas
Os frutos do BRS Sertão Forte, quando maduros, apresentam coloração
verde-clara e chegam a pesar pouco mais de 200g. A polpa é bastante ácida,
própria para processamento, e atinge um rendimento de até 50% quando extraída
em máquinas.
“Essa variedade pode ser cultivada com baixo custo tecnológico e com
limitação de água. Por isso, é bastante apropriada para a agricultura familiar
das áreas dependentes de chuva, com foco principalmente na produção orgânica”,
destaca o engenheiro agrônomo da EMBRAPA do Semiárido responsável pelo
desenvolvimento da espécie, Francisco Pinheiro de Araújo.
“É muito fácil cultivá-lo”, confirma a agricultora Maria Luiza de
Castro, do Projeto Pontal, em Petrolina, onde foi montada uma área experimental
do maracujá.
Ela faz parte de uma cooperativa que trabalha desde 2011 com o
processamento de umbu, outro fruto nativo da caatinga. Os agricultores viram no
maracujá uma boa alternativa para complementar a renda das famílias e,
atualmente, já comercializam produtos como geleia, calda e mousse, e ainda
vendem o fruto in natura.
Além de indicado para as áreas com restrição hídrica da caatinga, o BRS
Sertão Forte também apresentou bom desempenho em áreas irrigadas. De acordo com
as pesquisas, seguindo as mesmas recomendações técnicas para o maracujazeiro
azedo comercial, é possível produzir de 14 a 29 toneladas da variedade por ano.
FONTE: Pornal O Mossoroense.
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