O médico oftalmologista da Unimed Mossoró, Dr. Ígor Államo, concedeu uma
entrevista ao Jornal De Fato, onde falou sobre o Glaucoma, doença que atinge
cerca de 2% da população mundial.
A entrevista foi publicada na edição deste domingo, dia 12. Confira a
entrevista na íntegra:
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O que é o Glaucoma?
O glaucoma refere-se a um grupo de doenças oculares que provocam danos
irreparáveis no nervo óptico. Este, por sua vez, é o nervo que carrega as
informações visuais recebidas pelo olho até o cérebro.
Existem diferentes tipos? Quais?
Sim.
- Glaucoma
de ângulo fechado (agudo): Ocorre quando a saída do humor aquoso é subitamente
bloqueada. Isso origina um aumento rápido, doloroso e grave na pressão
intraocular. Casos de glaucoma agudo são emergenciais, bem diferentes do que
ocorre com o tipo crônico da doença, em que a pressão ocular desenvolve-se
lenta e silenciosamente e, aos poucos, vai danificando a visão.
- Glaucoma
de ângulo aberto (crônico): É o tipo mais comum de glaucoma e tende a ser
hereditário, mas sua causa é desconhecida. Nele, um aumento na pressão ocular
desenvolve-se lentamente com o passar do tempo, e a pressão elevada causa um
dano permanente no nervo óptico, causando perda do campo visual.
- Glaucoma
congênito: Como o próprio nome diz, o tipo em que a criança já nasce com a
doença, herdada da mãe durante a gravidez. Este tipo de glaucoma, no entanto, é
considerado raro e se descoberto, deve-se tratar imediatamente.
- Glaucoma
secundário: Costuma ser causado principalmente pelo uso de medicamentos, como
corticosteróides, pelos traumas e por outras doenças oculares e sistêmicas.
Quais os sintomas?
Os
sintomas de glaucoma costumam variar de acordo com o tipo da doença.
- Glaucoma
de ângulo aberto: muitas pessoas NÃO apresentam sintomas até o início da perda
da visão; perda gradual da visão periférica lateral, também denominada visão
tubular.
- Glaucoma
de ângulo fechado: os sintomas podem ser intermitentes no início ou piorarem
prontamente; dor grave e súbita em um olho; visão diminuída ou embaçada; náusea
e vômito; olhos vermelhos.
- Glaucoma congênito:
os sintomas costumam ser notados quando a criança tem alguns meses de vida; nebulosidade
na parte frontal do olho; aumento de um olho ou de ambos os olhos; olho
vermelho; sensibilidade à luz; lacrimação.
Quais as causas?
Por razões que a medicina ainda não compreende totalmente, o aumento da
pressão dentro do olho (pressão intraocular) é geralmente, mas nem sempre,
associada à lesão do nervo óptico, que caracteriza o glaucoma. Esta pressão
acontece devido ao aumento de um líquido chamado de humor aquoso, que é
produzido na parte anterior do olho ou por uma deficiência de sua drenagem
através de seu canal. Quando há um bloqueio desse fluido do olho, este provoca
o aumento da pressão ocular. Na maioria dos casos de glaucoma, essa pressão
está elevada e provoca danos no nervo óptico. A doença também pode acometer
crianças, embora elas não manifestem nenhum tipo de sintoma. Crianças podem vir
a apresentar glaucoma congênito de evolução tardia que acontece nos primeiros
anos de vida ou glaucoma juvenil, que surge geralmente aos quatro ou cinco anos
de idade. Mesmo não havendo sintomas, as crianças podem sofrer danos no nervo
ótico também.
Como é feito o diagnóstico?
Um exame ocular pode
ser usado para identificar o glaucoma. O médico precisará examinar o interior
do olho, observando através da pupila, que geralmente é dilatada. O
especialista geralmente realiza um exame completo do olho para confirmar o
diagnóstico. Somente a averiguação da pressão intraocular (por meio da
tonometria) não é suficiente para diagnosticar o glaucoma, pois a pressão
ocular costuma mudar. Por isso, outros exames deverão ser feitos para que o
médico possa diagnosticar o paciente com glaucoma ou não. Eles são: Acuidade
visual; Avaliação do nervo óptico; Campimetria; Gonioscopia (uso de lentes
especiais para verificar os canais de circulação do ângulo); Tonometria para
medir a pressão ocular.
Quais os fatores de risco?
Pressão intraocular elevada; idade acima dos 60 anos ou acima dos 40
anos, para o caso de glaucoma agudo; Afro americanos são mais propensos a
desenvolver glaucoma do que pessoas caucasianas, principalmente os acima dos 40
anos de idade; Histórico familiar de glaucoma pode elevar as chances de um
indivíduo desenvolver a doença também; Diabetes, problemas cardíacos, hipertensão
e hipertireoidismo também podem levar à doença. Doenças no olho, como alguns
tumores, descolamento de retina e inflamações, aumentam o risco de glaucoma; Fazer
uso por muito tempo de medicamentos à base de corticosteroides.
Qual o tratamento?
O
objetivo do tratamento é reduzir a pressão ocular. Dependendo do tipo de
glaucoma, isso pode ser feito por meio de medicamentos ou até mesmo cirurgia.
- Glaucoma
de ângulo aberto : A maioria das pessoas com o glaucoma de ângulo aberto pode
ser submetida a um tratamento bem-sucedido com colírios. A maioria dos colírios
usados atualmente possui poucos efeitos colaterais em comparação aos do
passado. Alguns casos pode exigir o uso de mais de um tipo de colírio e alguns
pacientes podem ser tratados, ainda, com pílulas que agem para baixar a pressão
ocular. Novas pílulas e colírios vêm sendo desenvolvidos para proteger o nervo
óptico dos danos do glaucoma. Alguns pacientes podem precisar de outras formas
de tratamento, como o tratamento a laser, para auxiliar na desobstrução da
circulação do humor aquoso. Esse procedimento é geralmente indolor. Outros
pacientes podem precisar de cirurgia tradicional para abrir um novo canal para
o fluxo normal de humor aquoso.
- Glaucoma
de ângulo fechado: É uma emergência médica, podendo levar inclusive à cegueira
após alguns dias sem tratamento. Colírios, pílulas e medicamento intravenoso
são utilizados para baixar a pressão nesses casos. Alguns pacientes ainda
precisam ser submetidos a uma operação de emergência, chamada de iridotomia.
Este procedimento usa um laser para abrir um novo canal na íris, que alivia a
pressão e previne uma nova crise.
- Glaucoma congênito:
Essa forma de glaucoma é sempre tratada com cirurgia para desobstruir as
câmaras do ângulo. Isso é feito com o paciente completamente anestesiado.
É possível prevenir?
Não há como prevenir um glaucoma de ângulo aberto, mas pode-se evitar a
perda da visão. Diagnóstico precoce e cuidados meticulosos com a doença são
chaves para a prevenção da cegueira. É muito importante fazer consultas
frequentes ao oftalmologista e realizar sempre alguns exames de prevenção para
evitar os sustos causados pelo glaucoma.
Tem cura?
A expectativa de tratamento e recuperação para glaucoma varia de acordo
com o tipo da doença e das medidas tomadas por paciente e médico durante todo o
período de tratamento. Com bons cuidados, a maioria dos pacientes do glaucoma
de ângulo aberto pode controlar a doença e não perder a visão, mas a doença não
pode ser curada. É importante ter sempre acompanhamento médico nesses casos.
Recentemente, dia 26 de maio, foi comemorado
o Dia Mundial de Combate ao Glaucoma. Qual a importância dessa data?
Essa data é de grande importância na conscientização e orientação da
população quanto aos danos causados pelo glaucoma e as formas de evitarmos os
mesmos.
Dr. Igor Államo de
Oliveira, médico formado pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e
especialista em Oftalmologia pela Fundação Leiria de Andrade – Fortaleza (CE).
Atua como Oftalmologista da Clínica Sommos, no Centro Clínico do Bom Jardim (PAM)
e no Hospital da Mulher.
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