O Brasil não tem estatísticas oficiais, nem programa de
prevenção específico sobre a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), doença que atinge
bebês de mulheres que ingeriram bebidas alcoólicas durante a gravidez.
O alerta é da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Ela está lançando este mês uma ferramenta para ampliar a conscientização das
mães e profissionais da saúde sobre os danos da ingestão de álcool durante a
gravidez para os bebês. Os pediatras destacam que a doença não tem cura e pode
trazer danos irreversíveis para as crianças, como retardo mental e anomalias
congênitas.
A plataforma pode ser acessada no site da
SBP, onde estão informações gerais sobre a doença e orientações de
prevenção e tratamento para mulheres e pediatras.
Dados
no Brasil
Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência de Síndrome
no Brasil já foi estimada em 1 a cada 1.000 nascidos vivos, índice menor que o
registrado em termos mundiais (3 em cada mil). Em nota, o ministério reconhece,
no entanto, que a estimativa nacional pode estar subestimada, “considerando a
dificuldade de diagnóstico, a não obrigatoriedade da notificação e a tendência
crescente de consumo de bebidas alcoólicas pelas mulheres e seu consumo
significativo pelas gestantes no Brasil”.
Perfil
das mães
Apesar da falta de dados oficiais, os médicos apontam que
o perfil das mães que dão à luz crianças com a síndrome segue um mesmo padrão.
“Geralmente, a gestante alcoolista tem um baixo padrão socioeconômico e
educacional, seu estado nutricional é comprometido, ela é afetivamente carente
e deprimida, sua gravidez não é desejada e o companheiro também é dependente do
álcool”, explicou Luciana Silva, presidente da SBP.
Nível
de consumo
Os médicos alertam que um simples gole de bebida
alcoólica pode atingir o bebê. Por outro lado, esclarecem que nem todas as
crianças que foram expostas ao álcool durante a gestação desenvolvem a
síndrome.
Segundo estudo citado pela campanha, estima-se que, das
mulheres que usarem álcool na gravidez, de 30 a 50% delas terão filhos com
alterações clínicas do desenvolvimento.
Para a SBP e outras entidades que estão envolvidas na
campanha, diante do risco e do desconhecimento de níveis seguros de consumo de
álcool durante a gestação, a recomendação é que a mulher interrompa
imediatamente a ingestão de álcool assim que a gravidez é constatada.
Diagnóstico
A presidente da SBP, Luciana Silva, ressalta que os danos
da doença não podem ser totalmente revertidos, apenas amenizados. O tratamento
ocorre por meio de suporte médico, aliado a acompanhamento social e
psicológico.
Segundo os especialistas, o bebê é atingido quando o
álcool, presente na corrente sanguínea da mulher, atravessa a placenta e fica
armazenado no líquido amniótico, que envolvem o feto na barriga da mãe. Uma vez
em contato com o cérebro do bebê, que ainda está em formação, o álcool passa
por um processo mais lento de metabolismo e não é eliminado facilmente, o que
deixa o bebê mais exposto aos seus efeitos.
Os médicos explicam ainda que o diagnóstico da síndrome é
feito com mais precisão depois do nascimento da criança, quando podem ser
observadas malformações na face e outros defeitos físicos decorrentes da
síndrome, como a microcefalia.
FONTE: Agência Brasil
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