De acordo com os dados do Ministério da Saúde, cerca de 240 pessoas
estavam aguardando por um transplante no estado do Rio Grande do Norte em 2015.
Do total de pacientes na fila de espera, 180 necessitavam da doação de um rim e
mais de 60 de um transplante de córneas. Durante o ano passado, 157 pessoas
foram notificadas como potenciais doadores de órgãos no estado, mas somente 36
tiveram algum órgão ou tecido doado neste período. A alta taxa de recusa
familiar (55%) tornou-se motivo de preocupação.
O médico Leonardo Borges de Barros e Silva e o enfermeiro Edvaldo Leal de
Moraes, coordenadores da Organização de Procura de Órgãos do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), informam
que os motivos para a recusa da doação pela família são diversos: desde crenças
religiosas que impedem a realização do transplante até o desconhecimento e não
aceitação da morte encefálica, o que faz muitos familiares acreditarem que a
condição do ente querido com o corpo quente e o coração batendo seja um
indicativo de que ele sobreviverá.
“Entretanto, o diagnóstico de morte encefálica – conhecida também como
morte cerebral – é irreversível, ou seja, o paciente perde todas as funções que
mantêm a sua vida, como a consciência e capacidade de respirar. O coração
permanece batendo e os demais órgãos funcionando. Com exceção das córneas,
pele, ossos, vasos e valvas do coração, é somente nessa situação que os órgãos
podem ser utilizados para transplante”, observam os especialistas.
Autorização
O consentimento informado é a forma oficial de manifestação à doação. A
retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para
transplantes ou outra finalidade terapêutica dependem da autorização do cônjuge
ou parente maior de idade, obedecida a linha sucessória, firmado em documento
subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte.
“Evidentemente, a manifestação em vida da pessoa a favor à doação de
seus órgãos e tecidos para transplante pode favorecer o consentimento após a
morte, mas, de acordo com a lei, é a vontade da família que deve prevalecer”,
esclarecem o médico Leonardo Borges de Barros e Silva e o enfermeiro Edvaldo
Leal de Moraes.
Segundo números do Ministério da Saúde, 237 transplantes foram
realizados no estado do Rio Grande do Norte em 2015. Desses, 131 casos foram de
córneas transplantadas, 39 de medula óssea e 67 de rim.
“A Central tem investido bastante na identificação ativa de potenciais
doadores, mas registra recusa familiar superior a 50%, com queda no número de
doadores efetivos”, conta Patrícia Suerda Oliveira Maciel, Coordenadora da
Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) do Rio Grande
do Norte.
Gesto
de herói
Com objetivo de conscientizar a população sobre a importância da doação
de órgãos e, principalmente, colocar esse tema em pauta nas discussões
familiares para reduzir a taxa de recusa, o Ministério da Saúde, em parceria
com a Fundação Faculdade de Medicina da USP, realiza o Projeto “Gesto de
Herói – o poder de doar vida”.
A exposição itinerante, que já passou pelas cidades de Rio Branco (AC),
Manaus (AM), Belém (PA), Teresina (PI) e São Luís (MA), acontecerá durante o
ano de 2016 em mais cinco capitais – contando com Natal – nas regiões Nordeste
e Centro-Oeste do país, onde a taxa de recusa familiar é alta.
A partir do dia 15 de julho, o estande do Projeto ficará disponível por
dez dias no Natal Shopping, para que a população norte-rio-grandense possa
esclarecer as principais dúvidas relacionadas à doação e transplante de órgãos.
Com entrada gratuita, o Projeto “Gesto de Herói – o poder de doar vida”
percorrerá ainda os estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Sergipe.
FONTE: Portal O Mossoroense.
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