O departamento de entomologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco estuda
se o zika vírus e a febre chikungunya também podem ser transmitidos pelo
mosquito culex, conhecido popularmente como muriçoca ou pernilongo, de acordo
com os regionalismos.
A
pesquisa, coordenada pela pesquisadora Constância Ayres, do projeto de vetores
da instituição, pretende entender a rapidez com que se propaga a epidemia. A
previsão é que a pesquisa seja concluída em três semanas. “Esse pode ser o
motivo do vírus ser replicado mais rápido. A interação do mosquito com o vírus
pode explicar o perfil epidemiológico de transmissão da doença”, explica a
pesquisadora.
Ayres conta que essa é a primeira vez que esse tipo de questionamento é
levantado. Segundo ela, a primeira epidemia do zika surgiu na Micronésia e lá
não é habitat do Aedes aegypti. Então, outras espécies estariam atuando como
vetor. “Na época analisaram o Aedes e não evidenciaram o zika. O que acontece é
que isolaram a relação do zika com o Aedes no laboratório, mas a circulação
silvestre é totalmente diferente. Ele pode não ser o principal transmissor”.
A prioridade será o zika vírus e, posteriormente, a febre chikungunya.
“No ambiente, o culex transmite outros vírus que são próximos ao zika. Por que
ele não pode também transmitir o zika?”, indaga. A pesquisadora acrescenta que
a Fiocruz está coletando os mosquitos em campo, observando quais estão
infectados e sua abundância.
A pesquisa ainda observa o período de incubação extrínseco, que é o
tempo que o mosquito leva para ingerir, replicar e transmitir o vírus.
“Infectamos em torno de 200 mosquitos e os analisamos na hora zero, em 24
horas, três dias, sete dias e 15 dias. Observamos dez mosquitos em cada
momento. Fizemos também duas concentrações virais, uma alta e uma baixa.
Dissecamos o intestino e a glândula salivar”, exemplifica.
Ayres explica que a doença só é transmitida pela glândula. “Acontece do
mosquito ser infectado, mas bloquear essa infecção e ela ficar só em seu
intestino. Isso já pode ser fruto de outra pesquisa, pois conhecer o bloqueio,
quais são os genes que respondem e conseguem matar uma é uma área para nova
pesquisar no futuro. Isso pode ser a chave no combate lá na frente”, salienta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário