segunda-feira, 20 de julho de 2015

Proteína pode ser o caminho para vencer fobia


superação do medo que sentimos em determinadas situações, sem que exista uma ameaça real e imediata para isso, tem relação direta com uma proteína produzida naturalmente no cérebro e identificada pela sigla inglesa BDNF, que atua substituindo uma memória negativa por outra positiva.

A descoberta, feita pela equipe de pesquisadores do Laboratório de Pesquisas sobre a Memória, do Instituto do Cérebro (Ice), ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), foi publicada recentemente na revista científica “The Journal of Neruroscience” e aponta um caminho para o tratamento de fobias.  

“A gente está estudando o mecanismo básico para entender como as memórias são formadas, como elas podem ser mantidas e como podem ser extintas. Não estudamos uma patologia específica, mas o processo natural. Talvez, para o futuro, o estudo nos possibilite um conhecimento maior acerca de novas estratégias terapêuticas para o tratamento de pessoas que sofrem de transtornos pós-traumáticos”, diz a pesquisadora Andressa Radiske.

A proteína BDNF (sigla que em português significa “fator neurotrófico derivado do cérebro”) está envolvida nas modificações que acontecem nos neurônios decorrentes do aprendizado e da memória. Em função disso, os pesquisadores se debruçaram em estudos para descobrir se a proteína poderia estar envolvida na formação da memória da extinção, que seria uma memória que se sobrepõe a uma memória aversiva.

Após cinco anos de trabalho e experimentos com ratos de laboratório, a equipe obteve a resposta, e ela foi positiva. Como exemplo, citamos o caso de uma pessoa que é vítima de assalto na rua e, em consequência disso, desenvolve um trauma a ponto de não querer sair de casa novamente. 

De acordo com o que foi observado nos estudos, se depois essa pessoa sai à rua algumas vezes e nenhum fato negativo acontece, uma nova memória de não-medo, oposta à original, é formada e normalmente acaba por dominar o seu comportamento, mesmo que ela não tenha esquecido o episódio do assalto. 

Tratamento de fobias

O chefe do Laboratório de Pesquisas sobre a Memória, Martín Cammarota, ressalta que a proteína BDNF é primordial para que possamos construir e manter, como parte do nosso acervo mnemônico, memórias que recontextualizam positivamente fatos traumáticos, mesmo sem esquecê-los. 

Mas será que essa memória “boa” que se sobrepõe à memória “ruim” (como no exemplo do assalto) pode ser modificada a ponto de se tornar mais persistente? As pesquisas realizadas no Instituto do Cérebro (Ice) sugerem que sim, ao apontar para a possibilidade de que no futuro sejam desenvolvidos fármacos capazes de modular a produção, a maturação ou a sinalização neuronal induzida pelo BDNF para terapias capazes de favorecer pessoas que sofrem de transtornos pós-traumáticos.


FONTE: Tribuna do Norte

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