Hoje, dia 26 de abril, é comemorado o Dia Nacional de Prevenção e Combate à hipertensão arterial. Através de uma parceria com a Unimed Mossoró, o Jornal De Fato publicou, no último domingo (24), uma matéria especial sobre esse assunto.
A entrevistada foi a médica cardiologista, Dra. Ássia Giselle. Ela
explicou o que é hipertensão, quais os seus sintomas e como tratar essa doença.
Confira a entrevista na íntegra:
O que é hipertensão?
A Hipertensão, chamada de pressão alta, é ter a pressão arterial
igual ou maior que 14 por 9. É uma doença crônica que não tem cura e,
quando não é devidamente tratada, pode aumentar o risco de desenvolver
problemas de saúde graves. Pode ser dividida em hipertensão primária (praticamente
todos os casos de pressão alta são causados pelo que definimos como hipertensão
essencial. Não se sabe exatamente por que a hipertensão primária surge,
mas sabe-se que ela é causada por múltiplos fatores genéticos e de hábitos de
vida). E hipertensão secundária que, por definição,
é aquela que tem uma causa bem definida, ou
seja, o paciente tem uma doença que leva à hipertensão. São
várias as doenças que podem causar hipertensão secundária.
Quais as causas?
Dentre as causas podemos citar os maus hábitos de vida, como:
sedentarismo, tabagismo (este aumenta a contração dos vasos e os torna
rígidos, aumentado a pressão), excesso de consumo de sal e
gorduras (incluindo alimentos em conservas, fast
foods) , álcool, condições como obesidade, dislipidemia (colesterol e
triglicerídeos altos), uso de anticoncepcionais, história familiar,
idade (quanto mais velho mais susceptível a desenvolver hipertensão) e
afrodescendência (negros têm uma incidência de hipertensão essencial maior que
outras etnias, como ela inicia-se mais cedo e costuma causar mais
complicações).
Para a hipertensão secundária temos principalmente as doenças
renais: quando os rins começam a falhar, o corpo passa a ter dificuldade em
excretar o excesso de sal e líquidos consumidos, levando a um aumento da
pressão arterial. Importante salientar que a insuficiência renal causa aumento
da pressão arterial, mas também pode ser causada pela hipertensão arterial. Temos
tumores da glândula supra renal como causadores de hipertensão , apnéia
obstrutiva do sono, síndrome de cushing, doenças da tireoide , entre outras.
Quais os sintomas?
Geralmente é assintomática. Quando surge algum sintoma pode estar ligado
a lesão em algum órgão alvo por anos de pressão alta não tratada. Ex.: sintomas
de insuficiência cardíaca, de insuficiência renal ou derrame cerebral.
Este principalmente se a pressão subir muito e subitamente, e aqui
estamos falando de valores acima de 200-220 mmHg de pressão sistólica, é
possível que o paciente refira algum grau de tontura ou sensação de cabeça
leve, fraqueza em membros, alteração de marcha e fala, assimetria em face,
entre outros.
Muitas vezes recebemos em pronto socorro pacientes relatando alguma
queixa álgica, tontura, ondas de calor pelo corpo e no momento do
exame físico nota-se a pressão elevada, e assim achar que a causa destes
sintomas seja a hipertensão. Vale salientar que o inverso acontece: primeiro
surge o incômodo e a pressão eleva-se em reposta a isso. O sangramento
nasal também é muito associado a elevações pressóricas, mas só acontece em
aproximadamente 15 % dos pacientes com pico hipertensivo, ou seja, elevações
súbitas da pressão, muito acima do que é habitual, são geralmente aqueles em
que é aceitável associar uma dor de cabeça a um descontrole da pressão
arterial. Aqui cabe mais uma ressalva: se o paciente tem hipertensão grau
II mal controlada há meses, ele pode nada sentir, mesmo com valores
exorbitantes como 220 a 240 mmHg de pressão sistólica.
Quais as consequências da hipertensão?
Com a persistência de elevados níveis pressóricos acontecem lesões
em órgãos como rins, coração, cérebro, vasos sanguíneos, olhos. Os
vasos são recobertos internamente por uma camada muito fina e delicada, que é
machucada quando o sangue está circulando com pressão elevada. Com isso, os
vasos se tornam endurecidos e estreitados podendo, com o passar dos anos,
entupir ou romper. Quando o entupimento de um vaso acontece no coração, causa a
angina que pode ocasionar um infarto, pode levar ao enfraquecimento do
músculo cardíaco e resultar em insuficiência cardíaca. No cérebro,
o entupimento ou rompimento de um vaso leva ao "derrame cerebral" ou
AVC. Nos rins, podem ocorrer alterações na filtração até a paralisação dos
órgãos. Nos olhos, a retinopatia hipertensiva que pode causar
cegueira. Todas essas situações são muito graves e podem ser evitadas com
o tratamento adequado.
Quem são os mais afetados?
A hipertensão arterial é tida como uma doença democrática, por não
distinguir sexo, raça, idade ou classe social. Acomete uma em cada quatro
pessoas adultas. Assim, estima-se que acometa em torno de, no mínimo, 25%
da população brasileira adulta, chegando a mais de 50% após os 60 anos e está
presente em 5% das crianças e adolescentes no Brasil. É responsável por 40% dos
infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal.
Quando procurar o médico?
Deve-se procurar um médico, de preferência o cardiologista, quando
aferir a pressão arterial e obter níveis superiores a 140 por 90, e devemos
aferir a pressão no mínimo uma vez a cada 6 meses, principalmente
se houver algum tipo de sintoma. Quanto mais precoce o diagnóstico,
melhor. Como também aqueles com fatores de risco para desenvolver a doença (ex.: sedentários,
tabagistas, pessoas com histórico familiar de doenças cardiovasculares, obesos,
mulheres gestantes).
Quais os tratamentos?
O tratamento é individualizado, considerando a causa da
hipertensão, a história de cada paciente, avaliações feitas com
exames complementares. A partir daí, segue a mudança no estilo de
vida retirando os fatores de risco e a introdução (na maioria dos casos) de
medicações anti-hipertensivas, tratando fatores que resultem no
aumento da pressão arterial. O acompanhamento médico é de extrema importância
com reavaliações, para que se possa otimizar o tratamento.
Como prevenir a hipertensão?
Devemos adotar um estilo de vida com hábitos saudáveis, onde incluímos
dieta balanceada pobre em gorduras trans, excesso de sal , conservantes, refrigerantes,
enlatados. Evitar vícios como álcool e cigarro, manter o peso ideal e evitar a
obesidade. Praticar exercícios físicos regularmente (sempre com avaliação
médica prévia e orientada com educador físico). Aliviar o estresse diário com
atividades prazerosas e nunca parar o tratamento por conta própria. Procure
sempre seu médico.
Como a alimentação pode influenciar no surgimento da hipertensão?
O sódio leva à retenção de líquidos que, mesmo sem causar inchaço,
aumenta o volume de sangue no corpo, que pressiona as artérias e eleva a
pressão arterial. O permitido para o hipertenso é 6g de sal/dia. As
gorduras formam placas que diminuem o diâmetro dos vasos sanguíneos, o que
eleva a pressão arterial, lembrando que nem todas as gorduras são vilãs. O
azeite, o abacate, peixes como atum, salmão e sardinhas possuem o ômega 3 que
ajuda a retirar o colesterol ruim das artérias. O álcool tem efeitos deletérios
que contribuem para o surgimento da hipertensão.
Dra. Ássia Giselle Gonçalves Veríssimo Cavalcanti
Formada na Universidade Severino Sombra, Vassouras -RJ / Especialização
em cardiologia pelo Funcordis, em Recife –PE. Atuando como médica
cardiologista no Hospital Wilson Rosado, em Mossoró, e pela Unimed.
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