segunda-feira, 13 de junho de 2016

Pesquisadores desenvolvem primeiro maracujá da Caatinga para cultivo comercial

Maracujá da Caatinga é mais resistente à falta de água, rende frutos maiores e mais numerosos (foto: Fernanda Birolo - EMBRAPA)
Um fruto da natureza combinado a mais de uma década de pesquisa deu origem à primeira variedade de maracujá nativo da caatinga recomendado para cultivo comercial. Além da sua região nativa, a variedade foi testada também no cerrado do Distrito Federal, onde apresentou boa produtividade.

A EMBRAPA já está disponibilizando as sementes do maracujá BRS Sertão Forte para viveiristas interessados na produção e comercialização de mudas, por meio de edital aberto até o dia 30 de junho. Logo após o licenciamento, a Empresa divulgará os nomes e contatos desses viveiristas para os agricultores interessados na aquisição de mudas.

A espécie será utilizada em ações do projeto Bem Diverso – iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) que apoia o Brasil na conservação da biodiversidade por meio do manejo sustentável de recursos e produtos florestais. A agência da ONU conta com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e do Fundo Mundial para o Meio Ambiente.

Nomeado oficialmente BRS Sertão Forte, o maracujá foi apresentado pela EMBRAPA, em Pernambuco, durante o a primeira edição do Simpósio do Bioma Caatinga. O fruto também foi apresentado durante um dia no campo que reuniu dezenas de produtores, representantes de cooperativas, de criadores de víveres e agroindústrias.

O novo espécime é resultado do aprimoramento genético desenvolvido pela EMBRAPA no Semiárido em parceria com a unidade da empresa que se dedica à pesquisa nos cerrados brasileiros.

Selecionado a partir de avaliações de maracujazeiros silvestres coletados em diferentes partes da caatinga no Nordeste, a planta apresenta maior produtividade e rende mais e maiores frutos do que os maracujás nativos.

Conheça a espécie que foi aprimorada geneticamente

O maracujá do mato – ou maracujá da caatinga, como também é conhecido – tem vantagens em comparação com as espécies comerciais de maracujá azedo, pois são mais resistentes à falta de água.

Ele apresenta ainda um ciclo produtivo mais longo, o que significa que a planta vive e produz por mais tempo no campo, além de ter maior tolerância à fusariose – uma das principais doenças que ataca o maracujazeiro azedo.

Novo maracujá vai favorecer cadeias produtivas

Os frutos do BRS Sertão Forte, quando maduros, apresentam coloração verde-clara e chegam a pesar pouco mais de 200g. A polpa é bastante ácida, própria para processamento, e atinge um rendimento de até 50% quando extraída em máquinas.

“Essa variedade pode ser cultivada com baixo custo tecnológico e com limitação de água. Por isso, é bastante apropriada para a agricultura familiar das áreas dependentes de chuva, com foco principalmente na produção orgânica”, destaca o engenheiro agrônomo da EMBRAPA do Semiárido responsável pelo desenvolvimento da espécie, Francisco Pinheiro de Araújo.

“É muito fácil cultivá-lo”, confirma a agricultora Maria Luiza de Castro, do Projeto Pontal, em Petrolina, onde foi montada uma área experimental do maracujá.

Ela faz parte de uma cooperativa que trabalha desde 2011 com o processamento de umbu, outro fruto nativo da caatinga. Os agricultores viram no maracujá uma boa alternativa para complementar a renda das famílias e, atualmente, já comercializam produtos como geleia, calda e mousse, e ainda vendem o fruto in natura.

Além de indicado para as áreas com restrição hídrica da caatinga, o BRS Sertão Forte também apresentou bom desempenho em áreas irrigadas. De acordo com as pesquisas, seguindo as mesmas recomendações técnicas para o maracujazeiro azedo comercial, é possível produzir de 14 a 29 toneladas da variedade por ano.

FONTE: Pornal O Mossoroense. 

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