segunda-feira, 25 de abril de 2016

Hipertensão: saiba o que é e como prevenir


Hoje, dia 26 de abril, é comemorado o Dia Nacional de Prevenção e Combate à hipertensão arterial. Através de uma parceria com a Unimed Mossoró, o Jornal De Fato publicou, no último domingo (24), uma matéria especial sobre esse assunto.

A entrevistada foi a médica cardiologista, Dra. Ássia Giselle. Ela explicou o que é hipertensão, quais os seus sintomas e como tratar essa doença. Confira a entrevista na íntegra:

O que é hipertensão?

A Hipertensão, chamada de pressão alta, é ter a pressão arterial igual ou maior que 14 por 9. É uma doença crônica que não tem cura e, quando não é devidamente tratada, pode aumentar o risco de desenvolver problemas de saúde graves. Pode ser dividida em hipertensão primária (praticamente todos os casos de pressão alta são causados pelo que definimos como hipertensão essencial. Não se sabe exatamente por que a hipertensão primária surge, mas sabe-se que ela é causada por múltiplos fatores genéticos e de hábitos de vida). E hipertensão secundária  que,  por definição, é aquela que tem uma causa bem definida, ou seja,  o paciente tem uma doença que leva à hipertensão. São várias as doenças que podem causar hipertensão secundária.

Quais as causas?

Dentre as causas podemos citar os maus hábitos de vida, como: sedentarismo, tabagismo (este aumenta a contração dos vasos e os torna rígidos, aumentado a pressão), excesso de consumo de sal e gorduras (incluindo alimentos em conservas, fast foods) , álcool, condições como obesidade, dislipidemia (colesterol e triglicerídeos altos), uso de anticoncepcionais, história familiar, idade (quanto mais velho mais susceptível a desenvolver hipertensão) e afrodescendência (negros têm uma incidência de hipertensão essencial maior que outras etnias, como ela inicia-se mais cedo e costuma causar mais complicações).
Para a hipertensão secundária temos principalmente as doenças renais: quando os rins começam a falhar, o corpo passa a ter dificuldade em excretar o excesso de sal e líquidos consumidos, levando a um aumento da pressão arterial. Importante salientar que a insuficiência renal causa aumento da pressão arterial, mas também pode ser causada pela hipertensão arterial. Temos tumores da glândula supra renal como causadores de hipertensão , apnéia obstrutiva do sono, síndrome de cushing, doenças da tireoide , entre outras.

Quais os sintomas?

Geralmente é assintomática. Quando surge algum sintoma pode estar ligado a lesão em algum órgão alvo por anos de pressão alta não tratada. Ex.: sintomas de insuficiência cardíaca, de insuficiência renal ou derrame cerebral. Este principalmente se a pressão subir muito e subitamente, e aqui estamos falando de valores acima de 200-220 mmHg de pressão sistólica, é possível que o paciente refira algum grau de tontura ou sensação de cabeça leve, fraqueza em membros, alteração de marcha e fala, assimetria em face, entre outros.
Muitas vezes recebemos em pronto socorro pacientes relatando alguma queixa álgica, tontura, ondas de calor pelo corpo e no momento do exame físico nota-se a pressão elevada, e assim achar que a causa destes sintomas seja a hipertensão. Vale salientar que o inverso acontece: primeiro surge o incômodo e a pressão eleva-se em reposta a isso. O sangramento nasal também é muito associado a elevações pressóricas, mas só acontece em aproximadamente 15 % dos pacientes com pico hipertensivo, ou seja, elevações súbitas da pressão, muito acima do que é habitual, são geralmente aqueles em que é aceitável associar uma dor de cabeça a um descontrole da pressão arterial. Aqui cabe mais uma ressalva: se o paciente tem hipertensão grau II mal controlada há meses, ele pode nada sentir, mesmo com valores exorbitantes como 220 a 240 mmHg de pressão sistólica.

Quais as consequências da hipertensão?

Com a persistência de elevados níveis pressóricos acontecem lesões em  órgãos como rins, coração, cérebro, vasos sanguíneos, olhos. Os vasos são recobertos internamente por uma camada muito fina e delicada, que é machucada quando o sangue está circulando com pressão elevada. Com isso, os vasos se tornam endurecidos e estreitados podendo, com o passar dos anos, entupir ou romper. Quando o entupimento de um vaso acontece no coração, causa a angina que pode ocasionar um infarto, pode levar ao enfraquecimento do músculo cardíaco e resultar em  insuficiência cardíaca. No cérebro, o entupimento ou rompimento de um vaso leva ao "derrame cerebral" ou AVC. Nos rins, podem ocorrer alterações na filtração até a paralisação dos órgãos. Nos olhos, a retinopatia hipertensiva que pode causar cegueira. Todas essas situações são muito graves e podem ser evitadas com o tratamento adequado.

Quem são os mais afetados?

A hipertensão arterial é tida como uma doença democrática, por não distinguir sexo, raça, idade ou classe social. Acomete uma em cada quatro pessoas adultas. Assim, estima-se que acometa em torno de, no mínimo, 25% da população brasileira adulta, chegando a mais de 50% após os 60 anos e está presente em 5% das crianças e adolescentes no Brasil. É responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal.

Quando procurar o médico?

Deve-se procurar um médico, de preferência o cardiologista, quando aferir a pressão arterial e obter níveis superiores a 140 por 90, e devemos aferir a pressão no mínimo uma vez a cada 6 meses,  principalmente se houver algum tipo de sintoma. Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor. Como também aqueles com fatores de risco para desenvolver a doença (ex.: sedentários, tabagistas, pessoas com histórico familiar de doenças cardiovasculares, obesos, mulheres gestantes).

Quais os tratamentos?

O tratamento é individualizado, considerando a causa da hipertensão, a história de cada paciente, avaliações feitas com exames complementares. A partir daí, segue a mudança no estilo de vida retirando os fatores de risco e a introdução (na maioria dos casos) de medicações anti-hipertensivas, tratando fatores que  resultem no aumento da pressão arterial. O acompanhamento médico é de extrema importância com reavaliações, para que se possa otimizar o tratamento.

Como prevenir a hipertensão?

Devemos adotar um estilo de vida com hábitos saudáveis, onde incluímos dieta balanceada pobre em gorduras trans, excesso de sal , conservantes, refrigerantes, enlatados. Evitar vícios como álcool e cigarro, manter o peso ideal e evitar a obesidade. Praticar exercícios físicos regularmente (sempre com avaliação médica prévia e orientada com educador físico). Aliviar o estresse diário com atividades prazerosas e nunca parar o tratamento por conta própria. Procure sempre seu médico.

Como a alimentação pode influenciar no surgimento da hipertensão?

O sódio leva à retenção de líquidos que, mesmo sem causar inchaço, aumenta o volume de sangue no corpo, que pressiona as artérias e eleva a pressão arterial. O permitido para o hipertenso é 6g de sal/dia. As gorduras formam placas que diminuem o diâmetro dos vasos sanguíneos, o que eleva a pressão arterial, lembrando que nem todas as gorduras são vilãs. O azeite, o abacate, peixes como atum, salmão e sardinhas possuem o ômega 3 que ajuda a retirar o colesterol ruim das artérias. O álcool tem efeitos deletérios que contribuem para o surgimento da hipertensão.


Dra. Ássia Giselle Gonçalves Veríssimo Cavalcanti 
Formada na Universidade Severino Sombra, Vassouras -RJ / Especialização  em cardiologia pelo Funcordis, em Recife –PE. Atuando como médica cardiologista no Hospital Wilson Rosado, em Mossoró, e pela Unimed.

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