sexta-feira, 15 de abril de 2016

Entrevista: Dia Nacional da Voz

Hoje, dia 16 de abril, é comemorado o Dia Nacional da Voz. A primeira grande campanha da Voz no Brasil se deu em virtude das comemorações da Semana Nacional da Voz, comemorada entre 12 e 16 de Abril de 1999.

O evento foi resultado de uma parceria entre a Sociedade Brasileira de Laringologia e Voz e a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, além do apoio institucional de diversas sociedades, associações, conselhos e entidades, tais como Sociedade Brasileira de Endoscopia, Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Associação Brasileira de Canto e Conselho Regional de Fonoaudiologia – 4ª Região.

Nos anos seguintes, comemorou-se em um ano a Semana da Voz e no seguinte o Dia da Voz, sendo que a cada ano as comemorações giraram em torno de um tema central.

A “Saúde da voz” é o tema da entrevista a seguir, com a médica otorrinolaringologista da Unimed Mossoró, Dra. Olívia de Araújo Paula.

ENTREVISTA

Quais os principais problemas que acometem a saúde da voz?

Dra. Olívia: Qualquer dificuldade na produção da voz pode ser considerada um problema de voz, como rouquidão, cansaço ao falar, voz fina ou grossa demais, fraca ou forte demais.

Quais os principais "vilões" para a voz?

Dra. Olívia: Refluxo faringo-laríngeo, tosse, lábio leporino, cigarro (fumar), beber álcool, café, gelado, pigarro, uso excessivo da voz, falar alto ou demais, estresse.

O que é disfonia?

Dra. Olívia: É qualquer dificuldade na comunicação oral que impede que a voz saia naturalmente, o que pode causar consequências na qualidade de vida. O problema é comum em pessoas que usam muito a voz, como professores, cantores e atendentes de telemarketing.
A saber: Rouquidão ou disfonia – alteração na qualidade da voz.
Afonia – impossibilidade de emitir som.
Odinofonia – dor ao falar.

Quais são os principais sintomas da disfonia? 

Dra. Olívia: Rouquidão, soprosidade, astenia, tensão e aspereza.

Quais as causas? 

Dra. Olívia: Presbifonia, doenças neoplásicas ou granulomatosas, distúrbios neurológicos progressivos (miastenia e Parkinson), alterações estruturais das pregas vocais (lesões epiteliais benignas), lesões das pregas vocais por abuso vocal, lesões laríngeas congênitas, edema de Reinke, por agressão do agente físico da poluição, lesões fixas na prega vocal, infecções agudas, trauma das pregas vocias, Acidente vascular cerebral, trauma no arcabouço laríngeo, alteração da lâmina própria das pregas vocais, Refluxo gastresofágico, drenagem de secreções e pelo reflexo da tosse, por alteração da hidratação laríngea.

Quando procurar um especialista?

Dra. Olívia: Na Ausência de infecções do trato respiratório superior, qualquer paciente com disfonia persistente     por mais de 2 semanas necessita de uma avaliação minuciosa. Deve proceder uma Videolaringoscopia para melhor visualizar as cordas vocais.

Como cuidar da voz? 

Dra. Olívia: Hidratar-se: beber água, de preferência em temperatura ambiente; enquanto estiver falando beber alguns goles de água para umidificar a garganta; evitar falar ou cantar competindo com ruídos sonoros; evitar bebidas alcoólicas; evitar gritar, tossir ou pigarrear; não fumar; dormir bem; evitar ar condicionado; procure beber água sempre que exposto ao ar condicionado; evitar consumo de leite, chocolate e seus derivados antes de intensa atividade vocal (aumentam a secreção de muco no trato vocal); consumir alimentos fibrosos, como maçã, que é um adstringente; usar roupas confortáveis que não atrapalhe o fluxo respiratório; manter a cabeça ereta durante a fonação, com os pés apoiados no chão.

Qual o público mais atingido?

Dra. Olívia: Crianças que falam muito alto, cantam ou gritam demasiadamente; professores, operadores de telemarketing, cantores, atores de teatro, vendedores, jornalistas, padres, pastores e etc.

Quais os tratamentos?

Dra. Olívia: Repouso vocal, hidratação, fonoterapia, medicamentos como corticoides e antibióticos, cirurgia, radioterapia, tratamento da doença base (tuberculose, leishmaniose), acompanhamento neurológico, aplicação de toxina botulínica, psicoterapia.

Como prevenir?

Dra. Olívia: Beber água: a hidratação ajuda a manter um bom funcionamento das pregas vocais. Tentar evitar bebidas que provocam a desidratação das mesmas, como é o caso das bebidas alcoólicas, bebidas com cafeína e bebidas gaseificadas.
- Não fumar
- Evitar esforçar e abusar da voz: evitar fala alto, durante muito tempo, ou gritar; tentar falar no próprio tom – falar em tons mais graves ou agudos do que o normal pode provocar “traumatismos” nas cordas vocais, que provocam rouquidão.
- Evitar pigarrear: ao pigarrear (“limpar” a voz quando sentimos algo estranho na garganta) as cordas vocais batem uma na outra, pelo que este comportamento repetido irá causar rouquidão. Assim, opte por beber um gole de água ou engolir “em seco”.
- Poupar a voz, se estiver doente: perante uma gripe ou, até, uma constipação, as cordas vocais ficam edemaciadas, o que prejudica a sua vibração e provoca alterações na Voz. O repouso vocal é o ideal para uma boa recuperação, no entanto, se esta não se verificar entre duas a quatro semanas, aconselha-se a observação por um Otorrinolaringologista (mais urgente nos fumantes).

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