Um grupo de especialistas de diferentes estados do Brasil
está se articulando para investigar a relação entre o surto de febre amarela e
a degradação do meio ambiente. Eles acreditam que se houvesse mais conhecimento
sobre o assunto, a propagação repentina do vírus de tempos em tempos poderia
ser prevenida.
Causada por um vírus da família Flaviviridae, a
febre amarela é uma doença de surtos que atinge, repentinamente, grupos de
macacos e humanos. As razões deste comportamento da doença ainda não são bem
conhecidas. Mas os especialistas dão como certa a influência do meio ambiente.
Segundo Sérgio Lucena, primatólogo e professor de zoologia da Universidade
Federal do Espírito Santo (UFES), o surto de febre amarela é um fenômeno
ecológico.
Sérgio Lucena explica que o vírus da febre amarela está
estabelecido em algumas matas e regiões silvestres com baixa ocorrência. De
repente, por algum motivo ainda a ser desvendado, ele se propaga rapidamente,
atingindo macacos e humanos. Os animais começam a morrer primeiro. "São
sentinelas. Se o vírus começa a se propagar em determinada área, a morte dos
macacos nos enviará um alerta", explica.
Florestas
Na semana passada, especialistas que estudam a febre
amarela sob a ótica do ecossistema se reuniram em Belo Horizonte em um
seminário organizado pela Fundação Renova, ligada à mineradora Samarco.
Uma das hipóteses dos pesquisadores é que o desmatamento
ao longo dos anos deixou as espécies de macacos em fragmentos muito pequenos de
florestas, o que traz diversos desdobramentos. "Sistemas ecológicos
empobrecidos podem favorecer o crescimento das populações de mosquitos.
Mosquitos infectados encontrando populações grandes de macacos em pedaços de
mata atlântica isolados podem ser a origem destes surtos", alerta Sérgio
Lucena.
Evidências científicas também dão a entender que
florestas saudáveis, com elevada biodiversidade, dificultariam a proliferação
dos vírus. Embora o surto não deixe de ocorrer, sua intensidade pode ser menor
em um meio ambiente preservado. É o que explica Servio Ribeiro, biólogo e
professor de ecologia da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).
Surto
em MG
O surto de febre amarela em Minas Gerais já provocou 38
mortes confirmadas em 2017, segundo o boletim epidemiológico mais recente da
Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), divulgado ontem (24). Outros 45
óbitos estão em análise.
FONTE: Agência Brasil.